sexta-feira, 4 de março de 2011

EDP - A ladra que nos rouba

O título que escolhi para escrever sobre a EDP pode parecer duro demais para qualificar o que esta empresa faz em Portugal, mas não é. Senão vejamos. Esta empresa tem tido ao longo dos anos várias facilidades para expandir e desenvolver o seu negócio, mas só vou mencionar algumas das mais evidentes: Utiliza o espaço territorial pertencente ao Estado Português, que somos todos nós; retira dos rios, que são de todos, a energia que depois nos vende; tem tido elementos da sua administração a fazer parte de diversas comitivas governamentais quando são feitas deslocações ao estrangeiro, na procura de novas oportunidades para empresas Nacionais, que são pagas por todos nós; aumentou os preços das facturas ao consumidor para procurar capital adicional para investir no estrangeiro e também para investir nas energias alternativas; continua impunemente a aumentar, a seu critério, o valor das facturas ao consumidor, numa procura incessante de acumular lucros fabulosos, eu diria quase escandalosos e imorais, perante as dificuldades que todos sabemos, que o País atravessa. Estas facilidades, adicionadas ao comportamento algo ditatorial que utiliza, no seu relacionamento com os seus clientes, são para mim mais que evidentes, sendo que, ainda tem quase completamente o monopólio da energia eléctrica em Portugal, estando a tomar a dianteira - mais outra facilidade - no campo das energias alternativas através do valor que injustamente é pago a mais nas facturas da electricidade e que é redireccionado para outros investimentos nessas energias. Não tenho nada contra uma empresa que seja lucrativa, através de uma boa gestão e de uma boa visão estratégica no que concerne aos investimentos que faz, e ao caminho que traça para o seu desenvolvimento futuro. O que eu já não concordo é com uma gestão que é feita apenas na procura incessante do aumento dos lucros, apenas para satisfação dos seus accionistas, numa área em que é quase monopolista, pagando a gestores e administradores valores principescos, além dos falados bónus anuais, ou não. Depois de toda esta reflexão, que é feita pelo conhecimento de causa que tenho sobre a EDP, não posso de maneira nenhuma estar de acôrdo com as margens de lucro desta empresa. Vem há dias o Sr Mexia dizer que o lucro divulgado na comunicação social acontece pela bom desempenho da empresa no estrangeiro. Pois até pode sêr, aliás, não tenho motivo para não acreditar que não seja assim. Pergunto então: E o que ganha o nosso País, com tais investimentos no estrangeiro, feitos por uma empresa que nos suga o que pode e o que não deve? Sei que os investimentos necessários são sempre muito avultados, mas que tipo de apoios são disponibilizados pelo Estado Português? Não contam para nada? O valôr dos custos de produção são assim tão grandes que nos tenham que cobrar a electricidade ao preço que nos é cobrada, quer no particular, quer nas empresas? Ou apenas a percentagem de lucro é adicionada simplesmente na mira daquilo que já referi anteriormente, na busca pura e simples da acumulação de lucros fabulosos? Qual é então a margem de lucro que é posta em cima dos custos de produção? E nesses custos de produção, não haverá algum tipo de desperdício que nos obrigam a nós a pagar, nas tais facturas da electricidade? Sem contar com todas estas dúvidas, e com aquilo que julgo saber, ainda há uma atitude do tipo ditatorial que esta empresa exerce sobre todos os seus clientes que se revela da seguinte forma: Uma factura vem para pagamento até determinado dia que, por coincidência (?), é a pouco mais de meio do mês. O cliente não paga logo e é dado a ordem de corte poucos dias depois. Mesmo que o cliente pague, se o computador da empresa já tiver emitido a ordem de corte, ainda que a electricidade não tenha sido cortada, exigem para além do valor da factura, uma verba adicional de 26 euros e alguns trocos, para religar a luz. Ora bem, isto é quase a mesma coisa que pôr o pé no pescoço de um moribundo, sabendo nós das dificuldades que se estão a atravessar. Por outro lado, esta empresa que dá uma imagem cá para fora, de competência, honestidade, seriedade e de ter um bom relacionamento com os seus clientes, não consegue distinguir o cliente que paga sempre, mas que em determinada altura se descuida, ou que, por qualquer dificuldade momentânea, se atrasa com o pagamento, com um outro que continuamente se descuida, se atrasa, ou pura e simplesmente não paga por se querer escapar a esse pagamento. Como se pode dizer, fazem pagar o justo pelo pecador, o que revela um tratamento algo impessoal e descuidado, mostrando uma falta de respeito, por quem anos a fio, vai pagando a sua factura, mesmo que, algumas vezes, ao longo desses anos, fora de prazo. Eles sabem que têm nas mãos um dos bens de primeira necessidade mais preciosos ao desenvolvimento e bem estar da sociedade, bem como ao desenvolvimento e crescimento da economia do País, por isso, fácilmente tomam a decisão de cortar ou mandar cortar a energia, assim que há um atraso no pagamento de uma factura. Por outro lado, sabem que, se qualquer cliente quiser ir a tribunal para dirimir qualquer questão em que se sintam prejudicados, pela complicada, demorada e cara justiça que temos, a maioria nem sequer vai avante com qualquer iniciativa que preveja esse caminho. Já a EDP, porque tem advogados avençados ou pagos mensalmente ao serviço da mesma, é-lhes mais fácil pôr qualquer cliente sentado no banco dos réus, mesmo que a razão não esteja totalmente do lado da empresa. A isto eu chamo abuso de poder e comportamento ditatorial. Poderia continuar a encontrar motivos para que, uma empresa como a EDP, na minha opinião, não devesse saír da esfera do controle do Estado Português, mesmo que, para isso, tivesse que haver uma nacionalização. Fazia muito mais sentido uma nacionalização numa empresa como a EDP, do que aquela nacionalização feita ao BPN, só que não vejo que se tomem as iniciativas adequadas para que o controle de um bem tão precioso como a energia, esteja exclusivamente nas nossas mãos, ou seja, nas mãos do Estado Português. Como outros negócios que por aí há, este é um daqueles a que eu chamaria de "negócio da China", que, sabe-se lá porquê - é claro que eu sei -, é entregue injustificadamente nas mãos de especuladores e gananciosos, sem ética ou moral de qualquer tipo, com a única preocupação de encherem desmesuradamente os bolsos á conta de todos nós.

Armindo Cardoso