quarta-feira, 21 de abril de 2010

Reflexões sobre a crise económica/financeira
Texto escrito a 6 de Maio de 2009

Em meados de Outubro de 2008, fui convidado para ir a um colóquio sobre a crise, a qual, apesar de já ter dado mostras há muito tempo que estava espreitando a oportunidade para fazer estragos, só naquela época parecia que se começava a dar conta da sua existência.
Estiveram presentes várias pessoas que vinham preocupadas com as recentes notícias e que queriam ser esclarecidas sobre o porquê da mesma, inclusive eu próprio, porque, apesar de ter as minhas próprias ideias sobre o assunto, gosto de ouvir o que os demais têm para dizer e, claro, todos o dias são bons para se aprender algo mais. Uma vez que o colóquio era com um reputado economista, ex-governante, é claro que me ajudou a decidir a participar no dito colóquio, ansiando por aprender mais alguma coisa, sobre a matéria em causa. Até já tinha ouvido falar nas sub-primes, inclusive no canal parlamento o 1º ministro José Sócrates falou nelas acusando o PSD de ter sido um dos partidos a achar uma boa ideia essa coisa das sub-primes, mas apesar disso o facto é que para mim era um assunto que, tenho que admitir, eu percebia muito pouco. Sobre essa matéria em específico fiquei esclarecido, já foi bom ter ido, uma vez que, tive a oportunidade de aprender mais qualquer coisa. Quando chegou o momento das intervenções dos presentes, eu falei em 1º lugar e perguntei:
Quer dizer então que estamos neste sarilho por causa de umas “mentes luminosas” terem inventado um esquema de vigarices e aldrabices com o objectivo de ganhar dinheiro rápido e fácil com o dinheiro dos outros? E remato com a seguinte afirmação: Então, não há dúvidas de que é aquilo que eu já sabia que levou a mais esta crise, ou seja, a ganância, que é a mãe de todas as crises. Na altura até fiquei um pouco constrangido com a resposta que me foi dada, uma vez que a mesma foi dita por um economista que até já tinha sido governante e que foi a seguinte: Ó meu caro amigo, é claro que a ganância é sempre má, mas esta crise tem como origem, como já disse, a queda do mercado imobiliário americano que está provocando uma série de dificuldades nas instituições financeiras. Eu nem disse mais nada, pois pareceu que nem sequer sabia o que estava a dizer. O facto é que o tempo passou, já escrevi sobre esta crise noutra altura focando novamente a questão da ganância como a principal culpada desta e de todas as crises e acabo por verificar que, actualmente, já não sou só eu a focar esta questão da culpabilidade da ganância. Acabo por ouvir personalidades de renome a nível de Portugal e até Internacional a darem-me razão por focarem a mesma razão para a crise, a ganância desmedida de certos operadores do mercado financeiro, industrial e comercial, não que isso me deixe satisfeito, mas sim,
porque me dá mais a certeza de que esta crise vai demorar a passar e de que muito rapidamente teremos que tomar as decisões correctas para ultrapassar sustentadamente esta crise, se não queremos correr o risco de deixar um futuro muito negro para os nossos filhos. Há uma expressão oriental que expressa bem o meu sentimento quanto aquilo que estamos e não estamos a fazer e que diz:
-“ O Mundo não é uma herança deixada pelos nossos pais a qual podemos desbaratar como entendermos, mas sim, um empréstimo feito pelos nossos filhos com a esperança que o saibamos gerir bem”.
Na realidade o que eu vejo é que estamos entregues nas mãos de vigaristas, mentirosos, incompetentes, mafiosos, corruptos, egoístas, gananciosos e de toda a casta de indesejáveis que por aí proliferam. Não são bons augúrios para quem deseja ver o seu futuro com mais optimismo. Só nos resta acreditar que, apesar de tudo parecer mau, ainda há gente boa, honesta, que são capazes de ter bons desempenhos profissionais sem estarem á espera de enriquecer facilmente acumulando fortunas á custa dos demais com o simples intuito de acumular bens que, no fim, por muito que lhes custe, não levam para a cova. Também devemos acreditar que havemos de ter governantes que de uma maneira ou outra não se deixarão vender ao poder económico a troco de prejudicar a população e o país, mas nós em geral também devemos contribuir com o que podermos, no mínimo não virar as costas quando chegam as eleições, mas também ter como atitude aquela que para mim me parece o exemplo fulcral para passar esta crise e que em determinada altura da história dos U.S.A. foi referida por um seu presidente e que é : “ Não perguntem o que é que o país pode fazer por vós, mas sim o que é que vocês podem fazer pelo país”.
Nesta óptica do que podemos fazer pelo nosso país mais uma vez passo a escrever o que penso sobre o assunto.
No que respeita á crise em geral já o disse em tempos que seria melhor se a nível pelo menos da Europa, se tomassem medidas em conjunto, na época em que o disse houveram pessoas que me disseram que isto podia ser resolvido se o nosso governo fizesse alguma coisa de melhor. Mas vejo que hoje já há muita gente a achar que as medidas têm que ser tomadas no mínimo a nível Europeu. Apesar disso eu sei que vai ser difícil de o fazer, pois cada país “puxa a brasa á sua sardinha”. Como se isso não fosse suficiente não vejo de facto serem tomadas as medidas que na minha opinião seriam as correctas para que esta crise passe de forma sustentada e que são, independentemente da ordem e de haverem naturalmente outras, as seguintes:

1 – Baixa dos impostos em geral, especialmente aqueles que sejam provenientes do rendimento do trabalho e do rendimento das pequenas e médias empresas.
2 – Apoio ás pequenas e médias empresas especialmente aquelas que mantenham os seus postos de trabalho, embora também seja necessário apoiar aquelas que se queiram dedicar ás exportações ou aumentar o número dos seus trabalhadores devido a aumento de produção em que este aumento se justifique pela procura quer interna quer externa.

3 – Procurar com os sindicatos dos trabalhadores e com o patronato formas de se poder, em pouco tempo, aumentar o salário médio, pelo menos em Portugal.

4 – Suspender por tempo indeterminado os investimentos públicos de grande monta, como o aeroporto e T.G.V..

5 – Apostar em investimentos públicos na área da educação (novas instalações, recuperação das existentes que estejam degradadas e que sejam viáveis recuperá-las, novos e melhores programas de ensino, maior segurança dentro das instalações escolares, mais pessoal auxiliar, melhor aproveitamento dos tempos livres, mais meios para o programa escola segura, etc.).
Apoiar as empresas e empresários que queiram investir nas novas tecnologias.
Apoiar as universidades nos seus estudos de investigação.

6 – Reduzir os custos do Estado de todas as formas possíveis.

7 – Não privatizar empresas que sejam rentáveis e que possam continuar a ser exploradas pelo Estado.

8 – Premiar o mérito no funcionalismo público e fomentar o bom desempenho do mesmo para que traga o respeito do cidadão em geral pelas instituições do Estado.

9 – Apoiar e investir nas forças de segurança e nas forças armadas.

10 – Ser mais severo na legislação contra os crimes de sangue e violentos.

11 – Descentralizar mais poderes para os Governos Civis ou Autarquias no que respeita á segurança pública regional assim como á educação, embora possam haver outros poderes que estudados interessem ser descentralizados, com o objectivo de melhorar o funcionamento geral de toda a estrutura do funcionalismo público Nacional.

12 – Apoiar as famílias numerosas com reduções de taxas autárquicas e impostos em geral.

13 – Melhorar a eficiência da aplicação dos subsídios de desemprego e outros pela Segurança Social, com o intuito de quem realmente precisa poder ter acesso ás ajudas num prazo o mais curto possível e quem apenas usa os subsídios para nada querer fazer seja fiscalizado e anulado os apoios.
Melhorar a eficiência do S.N.S. para evitar situações como por exemplo: Uma pessoa que vá passar algum tempo fora da sua área de residência e tiver que recorrer ao centro de saúde da área o mais provável é receber de resposta que não tendo médico de família não poderá ter consulta, ou ainda outra situação caricata que é haver dias específicos para marcação de consultas como se as pessoas pudessem adivinhar quando vão estar doentes, ou ainda se quiser marcar uma consulta no próprio dia terá que ir para a porta do centro de saúde de madrugada porque senão não terá lugar para consulta nesse dia.

14 – Criar gabinetes de reclamações do cidadão em todos os Governos Civis e ao mesmo tempo criar grupos de fiscalização para que seja possível ao Governo Civil determinar onde e como os funcionários públicos não estão a desempenhar bem os seus deveres para que sejam determinadas as sanções a aplicar se para isso houver razão.

15 – Procurar dinamizar através dos consulados ou embaixadas feiras de mostras de produtos Portugueses principalmente onde houver comunidades de portugueses ou de descendentes de portugueses, para não ser preciso termos os nossos ministros a fazerem o trabalho de vendedores da “banha da cobra”.

16 – Não continuar na política de levar os nossos empresários em grandes grupos para o estrangeiro para aí irem investir e criar postos de trabalho que depois se podem virar contra nós como acontece por exemplo com a China, a Índia e alguns países do leste Europeu.

17 – Não continuar a dar todos os benefícios para a criação de grandes grupos estrangeiros em Portugal, que mal sintam um mal-estar na economia, fechem as portas rumando a outras paragens deixando-nos outra vez com os problemas do desemprego. Em vez disso apostar nas empresas e nos empresários portugueses que pelo menos com esses corremos menos riscos de á primeira dificuldade fugirem com os seus lucros anteriores para outras regiões do globo.

Muito mais se pode acrescentar se se pensar devidamente nas políticas que de facto interessem ao crescimento do nosso país e ao desenvolvimento da nossa sociedade em vez de estarmos preocupados com aquilo a que chamam de políticas de direita e políticas de esquerda, sem contar que ainda há as políticas do centro direita e do centro esquerda e as de extrema-direita e as de extrema-esquerda, por favor, tenham dó. Devemos de deixar de perder tempo a deitar sempre as culpas para quem esteve antes no governo, pois quando se vota nas eleições para que um governo tome as rédeas da governação é para que faça melhor que o anterior e não é para passarmos o tempo a ouvir os nossos deputados na Assembleia da República praticamente a ofenderem-se uns aos outros, sacudindo sempre “ a água do capote” para os outros, achando que está sempre tudo mal pela simples razão de que esta ou aquela medida é apoiada por um partido de diferente ideologia política, mostrando de facto, que não podemos ter esperança nenhuma nas melhoras deste país e do mundo. Termino com um desejo: Não queiramos ser os “Madoffes” da política contribuindo para a ruína do futuro dos nossos filhos.

Armindo Cardoso
CDS/PP Odivelas

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